Por ser apaixonada por nutrição, amar cozinhar e ter uma filha pequena, acho importante abordar o assunto sobre a alimentação dos pequenos. A primeira coisa que noto nos pais brasileiros residentes em NY é a dificuldade que encontram para escolher uma alimentação adequada aos seus filhos. Na maioria das vezes não é por falta de vontade, mas sim de conhecimento. E morando numa cidade um tanto estressante como NY, fica muito fácil cair na tentação de alimentá-los do jeito mais conveniente para os pais, com comidas semi prontas, industrializadas e congeladas. Mas como esses pais brasileiros cresceram na rica cultura do arroz e feijão, já pressentem o que é bom e o que não é para o seu filho. Não é pra menos, pois a diferença nas duas culturas em relação a alimentação é muito grande.

No Brasil, boa parte das crianças com o devido acesso à comida, se alimentam bem. A comida é na maioria dos casos fresca e feita em casa. O prato de uma criança típica brasileira normalmente se constitui de arroz, feijão, um tipo de carne e legumes, tudo feito em casa e com amor. Uma alimentação saudável na infância, regada de legumes, vegetais e grãos integrais é muito importante para cultivar um paladar saudável para o resto da vida. Ensinar uma criança a comer é muito semelhante à ensiná-lo uma nova língua. Se os pais comerem bem e exporem as crianças à comidas saudáveis, as crianças crescerão com esse hábito sem o menor esforço. Mas se a criança crescer comendo processados, congelados e refrigerantes, será muito mais difícil que ela se habitue a um estilo de alimentação mais saudável quando atingir a idade adulta. Do mesmo jeito que acontece com o aprendizado de uma segunda língua. É muito mais fácil aprender uma língua na infância do que na idade adulta. 

Já por outro lado, em NY muitos dos bebês e crianças que vejo nas pracinhas se alimentam com comida pré-pronta e papinhas industrializadas justificados por facilitar o trabalho dos pais (no Brasil já vejo este mesmo tipo de comportamento acontecendo. Não estou dizendo que em NY as crianças comem mal e no Brasil elas comem bem, mas sim que herdamos da cultura brasileira uma boa alimentação e os americanos herdaram o “fast food”). Mas essas comidas, cheias de sal e açúcar, comprometem a saúde da criança. Sim, a curto prazo o custo benefício de uma papinha industrializada pode valer a pena para poupar tempo. Mas quando a criança começar a ir ao pediatria corriqueiramente devido a problemas causados por uma alimentação inadequada, o tempo poupado com as papinhas serão gastos nos consultório médicos.

Sempre me preocupei com a alimentação da minha filha. Ela só foi experimentar açúcar e carne vermelha com 3 anos de idade quando estava de férias com os avós. Suas refeições sempre foram compostas de grãos integrais (arroz integral, quinoa e painço), verduras, legumes, feijões (azuki, tofu, mulatinho, lentilha), e de vez em quando um peixe ou um ovo. Não me importo que ela se delicie com os doces e salgados de ocasiões especiais, por que ela sabe que são comidas para serem apreciadas em ocasiões ESPECIAIS, e jamais para serem consumidas numa mesa de jantar. Assim tenho a esperança de que ela saiba discernir comida versus besteiras e que quando ela tiver os seus próprios filhos, ela lembre do sabor da comida da sua infância e faça questão de passar esse sabor para a sua nova família. Pois acho que um dos melhores presentes que um pai pode dar para um filho, é uma boa alimentação na infancia e no meu da minha filha, se vier acompanhado de uma segunda língua, melhor ainda!