A “Food and Drug Administration” (FDA), a agência responsável por supervisionar a segurança do abastecimento de alimentos nos Estados Unidos, tem acompanhado o teor de arsênico por mais de 20 anos. Em Setembro de 2013 a “Food and Drug Administration” (FDA) chegou a analisar 1.300 amostras de arroz e seus derivados, como parte de um grande esforço para compreender os níves de arsênico no arroz e os possíveis riscos relacionados com o consumo desse alimento nos EUA.
O arsênico é um elemento encontrado na natureza principalmente no seu estado orgânico. Pode ser encontrado no ar, na água, no solo, em águas subterrâneas, pedras, e em metais como chumbo e cobre. Porém, altos níveis de arsênico inorgânico pode prejudicar a nossa saúde, pois é considerado mais tóxico para o cérebro e outros tecidos do corpo, contribuindo para o câncer, doenças cardíacas e alterações nas funções cognitivas. Estudos epidemiológicos realizados em seres humanos têm demonstrado que a exposição a níveis relativamente elevados de arsênio inorgânico durante muitos anos provoca problemas de pele e aumenta o risco de doenças cardiovasculares assim como de certos tipos de câncer, tais como: de pele, bexiga, e pulmão, devido o seu efeito carcinogênico.
Meu grande interesse nesse assunto é porque durante os anos que morei nos Estados Unidos, a base da minha alimentação era o arroz integral. O arsênico é absorvido pelas plantas a partir do solo e da água. E como o arroz é cultivado na água, é o grão que contém o maior teor dessa substância. O arsênico tende a se acumular nas cascas do arroz, tornando o arroz integral mais contaminado que o arroz branco e polido devido justamente a sua integralidade.
O arroz integral contém cerca de 160 partes por bilhão (ppb) de arsênico inorgânico por porção, no cereal de arroz para bebês foi estimado 120ppb e no vinho de arroz 11ppb. Com base nesses números, os pesquisadores da FDA determinou que os níveis de arsênico inorgânico encontrados nas amostras eram baixos demais para causar problemas de saúde imediatos para o consumidor. Toxicologistas da FDA indicaram que a ingestão média diária de arsênico é seguro para os consumidores, e não estabeleceram normas federais sobre os limites aceitáveis e arsênico na comida. E agora a agência americana está estudando os riscos à saúde do consumo de arroz e seus derivados a longo prazo!!!
Além da saúde da minha família, me preocupo também com essa explosão no consumo de alimentos sem glúten que tem, em sua maioria, o arroz como base. Espero que a FDA conclua o mais rápido suas pesquisas e determinem os níveis seguros de arsênico no alimento para assim, os profissionais de alimentação poderem seguramente aconselhar seus pacientes.
Até agora a FDA não recomenda a suspensão do consumo de arroz e seus derivados, mas recomenda sim que as pessoas se alimentem com uma dieta equilibrada contendo uma grande variedade de grãos para mitigar a exposição ao arsênico.
- Lavar completamente o arroz. A FDA cita vários estudos que indicam que "lavar arroz completamente até que a água esteja clara (4-6 mudanças de água), reduz o teor total de arsênio em até cerca de 25-30 por cento”.
- Verifique sempre o relatório de água municipal. "Verifique se o seu abastecimento de água local não tem níveis elevados de arsênico", "Caso encontre níveis elevados, a lavagem do arroz pode torná-lo ainda pior. Mas caso tenha menos de 10 partes por bilhão, deve ajudar”.
- Cozinhe e escorra o arroz como faz com as massas. "Sugerimos que use cerca de 6 medidas de água para cada medida de arroz," Escorra a água depois de pronto. "A FDA diz que os estudos mostram a lavagem e cozimento em água em excesso pode reduzir os níveis totais de arsênio em 50 a 60 por cento. No entanto, deve-se notar que a lavagem também irá provavelmente reduzir a quantidade de seus nutrientes.
- Sempre que possível opte por arroz aromático. Para aqueles que já são fãs do basmati indiano ou de arroz de jasmim tailandês, a notícia nem é assim tão ruim. De acordo com as centenas de resultados de testes divulgados recentemente, as variedades de arroz aromáticos apresentam os mais baixos níveis de arsênico inorgânico. Basmati importados e arroz de jasmim apresentaram cerca da metade a um oitavo do nível de arsênico presente em arroz "comuns' cultivados no Sul dos EUA.
Não aconselho seguir todas essas recomendações pois algumas delas alteram o teor nutritivo do arroz. Mas concordo em optar por lavar bem o arroz antes de consumi-lo e se possível também deixá-lo de molho, e variar os cereais consumidos na dieta e inserir o painço, centeio, cevada, aveia, milho, amaranto, quinoa e outros...
Interessante esse artigo! Arroz é um alimento sempre presente na minha casa, vou tomar mais cuidado no preparo dele! Devemos lavar também o arroz arbório e os aromáticos???
Sabe que muitas vezes penso sobre os malefícios da dieta sem gluten, as pessoas acabam focando em milho e arroz. Milho infelizmente está cada vez mais difícil achar não transgênico.. Sou a favor da variação dos alimentos ao invés da exclusão!
Oi Michele,
gosto de lavar todo tipo de arroz. Me sinto mais segura assim!
Concordo com vc nas palavras sobre o milho.
Um abraço!
Gostei muito desse artigo. Sou profundamente apaixonada por arroz,mas percebi que de uns tempos para cá, ele (arroz) não está como antes. O sabor mudou muito e a minha preocupação com a minha saude e a de meus familiares me levaram a buscar informações sobre as alterações pelas quais o arroz vem passando. Muito obrigada pela informação,Bela Gil.
Obrigada Bela! Fiz a pergunta no Instagram e vc muito gentilmente me respondeu então vim aqui conferir o post. Acho que mais uma vez o bom senso prevalece ne? Variar os cereais na dieta e preparar o arroz com os devidos cuidados 😉 Muito obrigada!
Olá, Bela! Tem alguma informação quanto a quantidade de arsênico no arroz de cultivo biodinâmico, como é o caso do arroz Volkmann?
Oi Ana,
eu também adoro essa marca. Não tenho informação quanto a quantidade de arsenico no cultivo do arroz deles. Mas acredito que o arroz americano é mais prejudicado que o nosso, nesse sentido.
abs,
Bela
Olá querida Bela Gil. Sigo seu programa e procuro ofertar uma alimentação balanceada na minha casa para a minha família em especial a minha pequena Samira ( ela tem 2 anos e 8 meses) que é portadora de alergia alimentar: no caso dela a caseína ( proteína do leite animal). Ela faz uso do leite de arroz e hoje na sua consulta de rotina com o alergista ele me indicou que parasse com o leite de arroz, que foi o único que ela aceitou, justamente porque ele esteve num congresso que abordou a presença do arsênio no arroz. Tentei o de aveia, mas ela não aceitou. fiquei muito triste e frustada, sem saber como proceder. Você me daria alguma sugestão? um grande abraço e parabéns pelo seu trabalho.